Uma biografia do homem responsável pela propaganda salazarista É impossível entender o salazarismo em toda a sua extensão sem conhecer a figura singular de António Ferro. A originalidade do regime autoritário português, envolto numa cortina de brandos costumes habilmente tecida, é, de resto, uma resultante directa da sua intervenção; e a sua essência não pode, por isso, ser dissociada das manobras e expedientes que usou para construir a imagem política do ditador. Ao leme do aparelho de propaganda, foi a proa e o mastro do regime pró-fascista, manipulando os órgãos de Comunicação, perseguindo e excluindo adversários, falsificando hábitos e costumes e inventando tradições que nunca existiram do Galo de Barcelos às Marchas Populares de Lisboa. Usando (e abusando) do poder que lhe foi criteriosamente entregue, sentou à mesa do orçamento intelectuais e artistas, arquitectando com eles a figura de um ditador messiânico num país pobre que dança o vira e o fandango. Levou a farsa panfletária ao ponto de comparar Salazar a «uma máquina de raciocinar», vergado ao «espectáculo» da sua inteligência. Verdadeiro workaholic sempre solícito, venerando e obrigado , manteve com o ditador uma intimidade única, testemunhando conversas privadas que nunca chegou a contar. Desassossegado, ambicioso e extremamente culto e criativo, foi o homem certo no lado errado da História. Orlando Raimundo traça-lhe nesta obra um retrato fiel.Orlando Raimundo é o investigador independente que mais tempo tem dedicado, nos últimos anos, à temática cruzada da Comunicação e à pesquisa dos universos sombrios do Estado Novo. Nascido em Évora em 1949, frequentou o curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa, licenciou-se em Ciência Política e Relações Internacionais, pós-graduou-se no ISCTE e foi bolseiro do Governo Francês e da Fundação Gulbenkian nos Journalistes en Europe, em Paris, e da Nihon Shinbun Kyokai, a maior federação de editores de jornais do mundo, em Tóquio. Jornalista profissional durante mais de três décadas, foi um dos repórteres da Revolução, cobrindo para O Século os acontecimentos do 25 de Abril, e integrando depois a equipa redactorial do Diário Popular e a editoria de Política do Expresso. Distinguido sete vezes com prémios nacionais de reportagem, foi colaborador do jornal Sud-Ouest, de Bordéus, quando residiu em Paris, e correspondente em Lisboa do Corriere della Sera, de Milão.
Uma biografia do homem responsável pela propaganda salazarista É impossível entender o salazarismo em toda a sua extensão sem conhecer a figura singular de António Ferro. A originalidade do regime autoritário português, envolto numa cortina de brandos costumes habilmente tecida, é, de resto, uma resultante directa da sua intervenção; e a sua essência não pode, por isso, ser dissociada das manobras e expedientes que usou para construir a imagem política do ditador. Ao leme do aparelho de propaganda, foi a proa e o mastro do regime pró-fascista, manipulando os órgãos de Comunicação, perseguindo e excluindo adversários, falsificando hábitos e costumes e inventando tradições que nunca existiram do Galo de Barcelos às Marchas Populares de Lisboa. Usando (e abusando) do poder que lhe foi criteriosamente entregue, sentou à mesa do orçamento intelectuais e artistas, arquitectando com eles a figura de um ditador messiânico num país pobre que dança o vira e o fandango. Levou a farsa panfletária ao ponto de comparar Salazar a «uma máquina de raciocinar», vergado ao «espectáculo» da sua inteligência. Verdadeiro workaholic sempre solícito, venerando e obrigado , manteve com o ditador uma intimidade única, testemunhando conversas privadas que nunca chegou a contar. Desassossegado, ambicioso e extremamente culto e criativo, foi o homem certo no lado errado da História. Orlando Raimundo traça-lhe nesta obra um retrato fiel.Orlando Raimundo é o investigador independente que mais tempo tem dedicado, nos últimos anos, à temática cruzada da Comunicação e à pesquisa dos universos sombrios do Estado Novo. Nascido em Évora em 1949, frequentou o curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa, licenciou-se em Ciência Política e Relações Internacionais, pós-graduou-se no ISCTE e foi bolseiro do Governo Francês e da Fundação Gulbenkian nos Journalistes en Europe, em Paris, e da Nihon Shinbun Kyokai, a maior federação de editores de jornais do mundo, em Tóquio. Jornalista profissional durante mais de três décadas, foi um dos repórteres da Revolução, cobrindo para O Século os acontecimentos do 25 de Abril, e integrando depois a equipa redactorial do Diário Popular e a editoria de Política do Expresso. Distinguido sete vezes com prémios nacionais de reportagem, foi colaborador do jornal Sud-Ouest, de Bordéus, quando residiu em Paris, e correspondente em Lisboa do Corriere della Sera, de Milão.