Cantor d'outr'ora, quando vi sem flores Os magicos jardins da phantasia, Minha lyra depuz. Não mais pedi inspirações terrenas. Curvei-me ante o altar, sagrei meu estro Aos canticos da cruz. E, sem magoa, quebrei prisões da terra, Mas uma, se então quiz tambem quebral-a, Não pude… em vão tentei… Eram saudades a viver d'esp'ranças, Saudades, que nem Deus manda esquecel-as, Saudades do meu Rei! Ficava-me no mundo um nome grande, Um symbolo d'amor, de luz radiante, Sob um manto real… Imagem do que vi na minha infancia, Sentado no docel, herança augusta Dos Reis de Portugal Christão, pedi com fé—senti que a tinha Prostrado ante o altar, quando eu pedi Recursos ao meu Deus… Recursos, não pr'a mim que nasci servo, Recursos para Vós, Rei desterrado Sob inhospitos céus
Cantor d'outr'ora, quando vi sem flores Os magicos jardins da phantasia, Minha lyra depuz. Não mais pedi inspirações terrenas. Curvei-me ante o altar, sagrei meu estro Aos canticos da cruz. E, sem magoa, quebrei prisões da terra, Mas uma, se então quiz tambem quebral-a, Não pude… em vão tentei… Eram saudades a viver d'esp'ranças, Saudades, que nem Deus manda esquecel-as, Saudades do meu Rei! Ficava-me no mundo um nome grande, Um symbolo d'amor, de luz radiante, Sob um manto real… Imagem do que vi na minha infancia, Sentado no docel, herança augusta Dos Reis de Portugal Christão, pedi com fé—senti que a tinha Prostrado ante o altar, quando eu pedi Recursos ao meu Deus… Recursos, não pr'a mim que nasci servo, Recursos para Vós, Rei desterrado Sob inhospitos céus